Aprenderemos, a partir de
agora, sobre um dos momentos mais importantes da liturgia: a música nas
missas e celebrações.
A liturgia, de um modo geral,
pode ser entendida como um diálogo entre o Deus-Trindade e o
Homem-Comunidade. Este diálogo é composto de vários momentos. Cada momento
tem o seu "espírito" próprio, seu sentimento peculiar, e portanto,
uma expressão diferenciada. Ninguém pede perdão de forma triunfal, nem dá um
"viva" tímido. Cada momento da liturgia exige um tipo de expressão
musical.
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Sem
conhecer o espírito de cada momento do diálogo litúrgico, corremos o risco de
dar um "viva" tão tímido que ninguém se sinta estimulado a responder.
Cada
música da Celebração Eucarística tem seu papel e Inspiração própria de cada
momento litúrgico dentro da celebração.
*Preparação
É um
momento que foi esquecido durante algum tempo e agora está voltando ao uso.
Enquanto alguns "acolhem" os irmãos que estão chegando para a festa
da Eucaristia, o ministro de música pode preencher o ambiente com um solo
instrumental. Alguns, neste momento, costumam ensaiar as canções que farão
parte da celebração. O importante é criar um ambiente de vida, pois é Cristo,
Verdade e Vida, que iremos celebrar.
*Entrada
Toda a
assembléia, unida em uma só voz, canta a alegria festiva de reunir-se como
irmãos em torno do Cristo. Esta canção deve deixar claro para toda a
assembléia, que festa, ou mistério do Tempo Litúrgico iremos celebrar. Todo o
povo deverá ser envolvido na execução desta canção.
A primeira
impressão sempre marca todo o relacionamento. Assim também o canto inicial
marcará toda a celebração.
Os
instrumentos terão a função de unir, incentivar e apoiar o canto. Não deverão
cobrir as vozes dificultando a compreensão do texto. Ninguém participa de uma
celebração para ser admirado, ou para aumentar seu ibope na comunidade.
"Tocar na Missa" é um serviço e uma oração. Todo este canto como a
procissão do sacerdote não deverão ser demasiado longas. O canto deve terminar
quando o sacerdote chega ao altar.
*Ato Penitencial
Neste
canto aclamamos a Cristo como "Nosso Senhor" e lhe pedimos perdão. É
um canto de repouso. Sua melodia deve traduzir a contrição de quem pede perdão.
Todo o povo deve participar deste canto, mas admite-se um diálogo solista-povo.
Não é
necessário que este canto seja muito "florido". A simplicidade é a
melhor forma de expressar o arrependimento. O instrumentista deve traduzir este
espírito de confiança e invocação acompanhado de modo suave, quase
imperceptível.
*Glória
Esta é a
canção da alegria, o canto que os anjos e pastores cantaram para saudar o
nascimento do redentor (cf. Lc 2,14). Desde o século IV que os cristãos cantam.
Houve uma época que só os bispos o podiam cantar. Hoje recomenda-se que toda
assembléia cante o "glória" com ânimo e alegria. Para isso é útil
bater palmas, erguer os braços, repicar os sinos expressando Glória a Deus nas
Alturas... É importante não esquecer duas coisas: que o canto e suas expressões
devem seguir a realidade da assembléia e que continuamos com os pés no chão, e
que o nascimento de Cristo, hoje, depende de nossa boa vontade.
Este canto
é excluído no advento e na quaresma, nos outros tempos deve ser executado e de
preferência "cantado". Não é bom que seja parte exclusiva do coral.
Este poderá cantá-lo em diálogo com o povo.
O glória
deve ser, antes de tudo, uma manifestação do louvor a Deus-Pai e ao Cordeiro.
Os
instrumentos têm papel importantíssimo neste canto. A percussão poderá ser bem
explorada. É claro que a parte não deverá sobressair em detrimento do todo, mas
neste canto os instrumentos poderão destacar-se um pouco mais.
*Salmo Responsorial
Dentro do
diálogo litúrgico, este canto é a resposta da assembléia ao Deus que falou na
primeira leitura. Como diz o próprio nome, trata-se de um salmo, no entanto
admite-se também um canto de meditação, contanto que seja de origem bíblica e
signifique uma resposta coerente com a proposta divina expressa na primeira
leitura. Este canto não deveria ser nunca excluído pois é de grande importância
à liturgia da palavra.
Pode ser
executado por um solista nas estrofes com a adesão de toda a assembléia no
refrão. O acompanhamento dos instrumentos deve ser discreto, exceto quando o
salmo for festivo e acompanhado por todo o povo.
*Aclamação ao Evangelho
Geralmente
(menos no advento e na quaresma) a aclamação mais usada é o Aleluia, seguido de
uma pequena estrofe que prepara a leitura do Evangelho. Não é um canto
obrigatório, mas sendo executado, é preciso que seja uma aclamação pessoal e
comunitária ao Verbo de Deus . Ao contrário do Salmo, este canto permite
movimento e participação vibrante dos instrumentos. Poderá haver solista, mas o
Aleluia deverá ser cantado por toda a assembléia.
*Depois da Homilia
Em missas
com crianças, ou em outras celebrações onde a reflexão silenciosa seja difícil,
pode ser entoado um cântico, no estilo do Salmo Responsorial, que venha a trazer
uma manifestação em sintonia com o tema do evangelho.
*Profissão de Fé
O Creio é
uma resposta de fé e de compromisso da comunidade e do indivíduo à palavra de
Deus. Nele recordamos toda a história da salvação. Por isso não convém a
utilização de formas abreviadas que sejam profissão de fé, mas que não resumam
a fé cristã. Quando cantada, deve contar com a participação de todo o povo. No
entanto pela estrutura rítmica da letra, isso se torna muito difícil. Uma opção
seria cantar um refrão popular, entre uma recitação e outra do Creio.
*Preparação das Ofertas
Este é um
dos cantos menos importantes da missa. Neste momento nos preparamos para
oferecer ao Pai, o Cristo "ao qual nos unimos oferecendo nossas vidas,
nosso corpo como culto espiritual agradável a Deus" (Rm 12,1). Portanto, o
grande ofertório da missa é após a consagração quando já não oferecemos o pão,
o vinho, nossa vida, nosso trabalho, mas o próprio Cristo e todo o resto
transfigurado "Por Ele, com Ele e n’Ele".
Durante o
canto de ofertório normalmente também ocorre a coleta, momento em que colocamos
um pouco do que é nosso em comum. Portanto o objetivo do canto "de
ofertório" é criar uma atmosfera de alegria, partilha e generosidade.
Pode-se dispensar o canto e os instrumentos fazerem um solo apropriado para o
momento litúrgico. Ou ainda participar com um canto de oferta que o povo não
conheça, desde que este não venha a distrair a atenção do mesmo.
*Oração Eucarística
Tanto o
diálogo introdutório, como o prefácio e demais orações podem ser cantados e
dependendo da sintonia entre músicos e celebrante, podem ser acompanhadas pelos
instrumentos. Desde que o celebrante ache conveniente e sinta-se apto para
isso.
*Santo
É dos
canto principais, se não o principal, da liturgia. Nele toda a assembléia se
une aos anjos e santos para proclamar as maravilhas do Deus Uno e Trino. É o
primeiro canto em ordem de importância. É o canto dos anjos (Is 6,2s) e também
dos homens (Lc 19,38). Não teria sentido convidar os céus e a terra, os anjos e
os santos para cantar em uma só voz, e depois somente um coral ou um solista executar
o canto. Este é essencialmente um canto do povo. É indispensável a participação
dos instrumentos para solenizar esta vibrante saudação: SANTO, SANTO, SANTO!
*Amém
O "Amém"
poderia ser cantado muitas vezes, especialmente depois da doxologia (Por
Cristo, com Cristo e em Cristo ...) que é o grande amém da missa.. Durante a
consagração é melhor o silêncio, nem mesmo solos devem distrair a atenção da
assembléia naquele momento. Pode-se cantar sim a aclamação após a consagração (Eis
o mistério da fé ...).
*Pai-nosso
O
Pai-nosso cantado por toda a assembléia tem grande força e significado. É um
dos grandes pontos da Missa, exprimindo de modo maravilhoso a comunhão entre os
irmãos. Se não for cantado por todos, pode ser recitado. Os instrumentos têm
papel de sustentação, evitando distrair a atenção da oração.
*Abraço da Paz
É costume
cantar uma canção alegre cuja letra lembre fraternidade e caridade como
fundamento da vida cristã. Deverá ser uma melodia contagiante. Entretanto não é
essencial que a assembléia cante.
*Cordeiro de Deus
Esta
prece, de origem Bíblica (Jo 1,29), faz alusão ao Cordeiro Pascal, que se imola
e tira o pecado do mundo. Pode ser cantado pelo coral ou solista, mas a
assembléia deve participar da última petição: dai-nos a paz.
*Comunhão
É o canto
mais antigo da missa. Por ele, através da união das vozes, queremos expressar
nossa comum-união espiritual em torno de Jesus Cristo. Todos ao redor da mesma
mesa, congregados numa mesma igreja, participam do mesmo pão. A função do canto
de comunhão é alinhavar esta união.
É comum
escutarmos que se deveria fazer silêncio durante a comunhão para que um pudesse
se entreter num encontro pessoal com Cristo. Ë certo que a comunhão dos
Cristãos é um ato pessoal, mas deve manifestar-se através de um ato
comunitário. E o canto de comunhão deve propiciar esta manifestação de
comunidade. Por isso todo o povo deve participar entusiasticamente deste canto.
O Silêncio
Eucarístico necessário ao encontro e oração pessoal com Cristo se dá no próximo
momento.
*Ação de Graças
Após a
comunhão a assembléia, em silêncio, adora e agradece a presença do Cristo
Eucarístico. Após este breve silêncio pode-se cantar um salmo ou outro canto de
louvor ou de ação de graças. Este canto não pode e não deve excluir o momento
de silêncio após a comunhão.
É
preferível que este canto seja breve e executado por todos. Por isso, também
para os instrumentos, não convém longas introduções e interlúdios. É preciso
que o ministro tenha a devida sensibilidade e discernimento para saber se este
canto é conveniente em tal momento. Evite-se o canto de ação de graças quando a
celebração já estiver por demais prolongada.
*Canto Final
Após a
benção entoa-se um canto alegre e que cause a última impressão que se irá levar
da celebração. Um costume muito comum, é o de se aproveitar este canto final
para fazer uma homenagem a Maria, mãe de Deus e nossa.
Utilizem-se todos os recursos
disponíveis para que este encerramento crie a predisposição para o povo
retornar à Festa Eucarística.
Fonte: MusicWorld