O papel do músico na igreja
O próprio tema já dá este diferencial dentro do que seria o papel do
músico na igreja, pois há uma grande diferença entre o ser músico e o ser músico
na igreja. Primeiramente, existe um dom dado gratuitamente por Deus àqueles que
esse mesmo cumula desses dons musicais, seja o tocar, o cantar, o ministrar o
louvor. Aí está outro ponto: o músico na igreja é chamado a ser, antes de tudo
um ministro do louvor, que glorifica a Deus com seu instrumento. Vive esse
processo intenso de formação e maturidade no servir que é sempre estar
disponível para o que a igreja necessita.
Num intenso trabalho também de formação e exercício da humildade,
especialmente para os que têm o dom natural da música, é necessário entender
que tudo é graça, é dom de Deus. O ministro de música depende da graça divina,
da graça do Alto. Pois, é através do Espírito Santo, que seu tocar, cantar,
ministrar, terá acesso aos corações mais endurecidos.
A música, por si só, tem o poder de tocar os corações, adentrar em áreas
de nosso ser. Uma melodia bem executada, acordes bem trabalhados, podem
transformar corações, como também a música expressa de forma depressiva, bruta,
pode levar a pessoa que escuta a vários âmbitos de sua vida e história. Por
isso, a grande importância e diferencial de um autêntico ministro de música é
estar constantemente em sintonia com o Espírito Santo, na unção, a serviço,
aberto a graça. Assim se faz extremamente necessário um “esvaziamento de si”,
no qual a graça de Deus age e opera. Toda inspiração, para aquele que é chamado
a ser esse ministro de música, vem do Alto.
O músico que descobre a graça de ser um instrumento direto de Deus na
igreja descobre a realização do servir Àquele que o chamou em Sua infinita
misericórdia, descobre o testemunhar a força do evangelho em forma de canção. O
verdadeiro músico crê que o Espírito é aquele que age no seu dom de anunciar o
evangelho através de uma melodia, de uma música. Que age não só por talento
próprio, mas pela graça tão somente do Espírito Santo inspirador direto e
único, capaz de transformar, curar e libertar os corações.
A música é uma linguagem universal que todos captam. Vale ressaltar a
importância da capacidade do músico que se coloca a serviço da igreja em todo o
mundo, em todas as realidades, desde a riqueza da música tradicional aos tempos
de hoje, onde o próprio mundo exige uma música, bem tocada, ungida, unida ao
Espírito Santo.
Canta-se, toca-se e interpreta-se em nome de uma pessoa e essa pessoa se
chama Jesus Cristo vivo e ressuscitado, que está no meio de nós. Por isso,
devemos exercer o ministério de música que nos foi confiado com muita seriedade
e responsabilidade, pois, quando nos colocamos a serviço do Reino, não sou eu
mais quem canto ou toco, mas é Cristo quem canta ou toca em mim. Paulo dizia em
uma de suas cartas: “Já não sou eu quem vivo, mas é Cristo que vive em mim”. O
músico que exerce esse ministério vive essa mesma experiência unido Àquele que o
criou para glorificar o seu Nome através de seus dons musicais.
O músico, na igreja, é aquele que busca viver a cada dia uma profunda
intimidade com as Escrituras Divinas de onde saem o canto mais belo de Deus. O
poder da Palavra transformado em música é uma chave que abre os corações mais
endurecidos. Por isso, Deus dá também a capacidade de novas composições
retiradas da Palavra, seja ela do Antigo ou do Novo testamento onde “o Verbo de
se fez carne e habitou entre nós”. Daí se anuncia através da música Aquele que
deu sua vida por cada um de nós, que se entregou na cruz por amor à humanidade.
“Minha alma glorifica ao Senhor, meu espírito exulta de alegria em Deus,
meu salvador, porque olhou para sua pobre serva.” (Lc.1,46-47)
Não poderia deixar de citar um grande exemplo de perfeito louvor a Deus:
Maria. Ela, ao cantar o Magnificat, verdadeiramente glorificou a Deus. O
ministro de música é aquele que canta seu Magnificat em sua própria vida, que
proclama as maravilhas de Deus na Igreja e no mundo. É aquele que diz também
como Maria, “Eis-me aqui, Senhor. Faça-se em mim segundo tua Palavra”. Faça-se
no meu dom de cantar, de tocar, de interpretar, de pintar, de compor música ou
poesia... Segundo Tua Palavra, Tua vontade. Faz-me testemunho do Teu evangelho em
todos os momentos de minha vida. Assim “a música se converte
verdadeiramente em oração, abandono em Deus, com um sentido profundo de
paz".
Eis o papel do músico na igreja: estar sempre na postura do “eis-me
aqui”, segundo a necessidade da igreja, que precisa do nosso “sim”, colocando
nossos dons a serviço. Com humildade, busquemos o aperfeiçoamento técnico, mas,
sobretudo, o aperfeiçoamento espiritual para combatermos contra todo o mal que
quer destruir os filhos amados de Deus.
É uma grande missão, mas, se temos Deus, nada pode nos abalar.
Coragem, músicos, pois somos chamados a marchar à frente do pelotão com
a graça de Deus, com Jesus, guiados pela força do Espírito Santo que tudo pode.
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